O artista cria sua obra reunindo componentes dos mais variados lugares. Materiais e objetos que,
em sua grande maioria, seriam descartados ou desprezados como sendo lixo pela sociedade de
consumo, se tornam esculturas pelas mãos do artista. Boa parte desses instrumentos/esculturas
trazem uma estética que lembra os instrumentos tradicionais de cordas. Porém, diferente desses, o
artista desenvolve adaptações tecnológicas que possibilitam a produção do som em diferentes
partes de um mesmo objeto, podendo assim gerar uma polifonia.
Segundo o artista, o seu processo de criação pode acontecer de duas formas: uma planejada e
elaborada, em que o objeto é previamente pensado; e outra mais espontânea, com obras criadas a
partir da intuição e da experimentação, em que ele vai pesquisando e unindo as peças no momento
da fabricação. Como um alquimista que mistura diferentes substâncias na expectativa de
transmutação das coisas, o artista uni objetos díspares para transmudar a forma das coisas e a sua
função, desenvolvendo esculturas sonoras sem se prender às regras da criação musical, movido
pela curiosidade da criação. Essa união de partes díspares cria, muitas vezes, esculturas com formas
e sonoridades inusitadas, capazes de surpreender não somente pela plasticidade da forma, como
também pelos sons peculiares.
A exposição é um convite a não limitar-nos à forma tradicional de observação de uma obra
tridimensional, percebidas pelos sentidos da visão e do tato. Ela abre possibilidade de irmos além,
percebendo e vivenciando cada escultura também pelo sentido da audição, a partir da sonoridade
que cada uma delas é capaz de gerar.